5.02.2006

Alfabetização e Cultura Científica: conceitos convergentes?

Por Marcelo Sabbatini

Resumo
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A partir da conceituação de alfabetização científica e de sua utilização histórica como objetivo ideal tanto por parte da comunidade dedicada à comunicação pública da ciência e da tecnologia como da educação científica pelo setor da educação formal, analisa-se o desenvolvimento deste conceito, relacionando-o com o emergente conceito de cultura científica. O direcionamento do debate a esta última concepção atende a uma reformulação que se produz paralelamente tanto no campo das ações comunicativas como educativas, com o traslado do foco nos elementos cognitivos (compreensão e explicação) em direção à contextualização da ciência e da tecnologia na cultura e nas atividades cotidianas, assim como à compreensão da natureza da produção do conhecimento científico e dos impactos de sua aplicação tecnológica. Em última instância, esta base cultural permitiria uma participação verdadeira da sociedade em seu sentido mais amplo no desenvolvimento científico-tecnológico, ao mesmo tempo em que serviria como fundamento para a formação especializada em ciência e tecnologia.

http://www.jornalismocientifico.com.br/revista1artigosergiobialski.htm

ELER disse:

Colegas, este artigo não fala em LETRAMENTO CIENTÍFICO, antes, a definição de Alfabetização Científica parece englobar o que, para alguns autores, seria o letramento:


O conceito de alfabetização científica, proposto pela American Association for the Advancement of Science (AAAS), inclui as habilidades para familiarizar-se com o mundo natural e reconhecer sua diversidade e sua unidade; de entender os conceitos fundamentais e os princípios científicos; de perceber a inter-relação entre a matemática, a ciência e a tecnologia; de assumir que estas são empresas humanas, o que também implica ter limitações; de adquirir a capacidade de pensar segundo o exigido pelo rigor científico e de utilizar o conhecimento científico com propósitos individuais e sociais.

Por outro lado, nesta colocação, o autor parece usar o termo Cultura Científica no mesmo sentido que temos entendido LETRAMENTO CIENTÍFICO:

A concepção da alfabetização científica como um atributo individual se revela insuficiente para compreender a circulação e uso social do conhecimento, assim como a participação cidadã. Uma vez assumido que a ciência e a tecnologia são partes da sociedade, é necessário um maior nível de integração destes conceitos para converter a denominada "cultura científica" em conteúdos manifestos nas práticas gerais e presentes no sentido comum.

Confesso que fiquei um pouco confusa, mas cheguei a esta representação das relações dos conceitos:

ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA > LETRAMENTO CIENTÍFICO > CULTURA CIENTÍFICA.

Qual a opinião de vocês a respeito?

2 comentários:

Paulo C. S. Ventura disse...

Meninos, o blog ficou lindo! Deu uma melhorada, heim? Denise, a literatura americana tem algumas expressões diferentes para alfabetização e letramento como nós entendemos no Brasil. Eu também confesso que ainda não fechei questões nas duas definições. O texto que eu coloquei em meu blog foi escrito num momento de discussão com personagensde um outro blog que tem uma relação apenas direta com os nossos: o blog http://blog.patrulleros.com. Vale a pena dar uma olhada nele. Eu discutia com os donos daquele blog sobre ser a tecnologia natural ou não em alguns momentos de sua implantação e como uma tecnologia "naturalizada" poderia ser interessante para o processo de apropriação/aculturação das tecnolgas (e ciências). Minha afirmação naquele momento segue uma conceituação já estabelecida nos textos de Magda Soares sobre alfabetização e letramento. Eu sugeri, então, que o processo de apropriação das tecnologias é um processo anterior, mais individual, e corresponderia ao que Magada Soares define como alfabetização. E que o processo de aculturação da tecnologia, mais social (cultura é social, não apenas individual) corresponderia ao que Magda Soares chama de letramento. Essa aculturação ou letramento tecnológico se daria quando a tecnologia se tornasse "natural", no sentido de estarmos acostumados com ela, nada quanto a ser oposta de um processo forçado como você sugeriu em duas intervenções em outros blogs. Estou insistindo na questão para não ficar dúvidas. Toda tecnologia, de certa forma, é apresentada à sociedade pelos produtores tecnológicos, empresas, etc. Mas se ela não é apropriada e depois aculturada pelos cidadãos, ela não sobrevive. É só. Um beijo. Paulo

Anônimo disse...

Eu li a discussao no patrulleros.
Até fiz um comentário mas não foi publicado.

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